Field of Paper Flowers (por Whitney Leith)
O que não podia era tudo continuar do jeito que estava. Vivia num lugar morto, sem movimento, sem som, sem cor. E não havia ninguém disposto a mudar isto, por pura acomodação.
Até que teve uma idéia. Abriu a velha caixa de bugigangas e encontrou, bem lá no fundo, um pouco amassado, aquilo que precisava. Só faltava agora uma tesoura, e quando a conseguiu, começou a trabalhar.
O papel rendeu pouco. Foi atrás de mais. Pegou alguns trocados na carteira e foi até a papelaria. E começou a fazer mais e mais. Encheu uma caixa de TV que estava encostada no quartinho de quinquilharias, e carregou-a até a praça da cidade.
Era uma praça cinza. Gramas secas. Árvores desfolhadas. Começou a tirá-las da caixa e espalhá-las em torno de si.
Na hora do almoço parou pra comer um sanduíche. Ficou olhando o que já havia feito.
"Que lindo!" "Olha só que beleza!" "Nunca tinha visto algo tão maravilhoso!"
E os comentários não paravam, tamanha era a admiração de todos pelo enorme campo de flores de papel que foi crescendo sem alarde ao longo de toda aquela manhã.
A primavera havia encontrado outra forma de chegar naquele ano.
(micro-conto originalmente escrito em 30/10/2008)
Parabéns por mais um texto maravilhoso. Aguardo ansiosa cada postagem do blog e me delicio com criações tão singelas e vívidas. Vocês realmente conseguiram um casamento literário perfeito, que espero seja duradouro para o prazer de seus leitores.
ResponderExcluirObrigado pelos elogios e pelo apoio, Solar. :)
ExcluirAinda temos muito para compartilhar com vocês. Continue conosco.