quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Não uma manhã qualquer


Primeiro sentiu as coxas roçando suavemente o fino lençol. Sentiu um leve arrepio quando os pelinhos de seu ombro direito passaram pelos do tecido.

Estava fresco, podia sentir, ao contrário do calor da noite anterior.

Sob as pálpebras ainda cerradas penetrava uma leve luz rosada.

Espreguiçou-se toda, e acabou batendo os punhos contra a parede atrás de sua cabeça. Foi nesta hora que abriu os olhos. Correu todo o quarto com eles, todo cheio de uma luminosidade azulada. 

Olhou o relógio sobre o criado mudo à esquerda: 8h25.

Sentou-se sem pressa sobre o travesseiro, ainda mantendo suas pernas nuas cobertas pelo lençol. Ergueu-o por alguns instantes: estava só de calcinha, e uma blusa curta sem mangas, de tecido bem leve.

A cortina da janela moveu-se quase imperceptível. Estendeu a mão direita até ela, puxou-a um pouco para o lado. Uma luz dourada e levemente enevoada penetrou aquela fresta que trazia o dia lá de fora um pouco pra dentro.

"É domingo.", pensou ela, "13 anos desde aquele dia..."

"Oi, minha princesa!"

Virou-se bruscamente, olhou para o homem alto encostado contra a porta do quarto. Segurava duas canecas.

"Oi!", respondeu sorrindo.

"Parabéns", disse ele, aproximando-se, e entregando uma das canecas pra ela "13 anos! Quem diria, não?"

"Sim...", ainda sorria quando tomou  a caneca das mãos dele.

Nenhum comentário:

Postar um comentário