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When the wild wind blows (por nik159) |
Contemplou o horizonte, já não era mais o mesmo
desde que ela se foi. Os dias pareciam mais compridos, e o vento às vezes
trazia o cheiro e a memória dela. Ainda era difícil entender a finitude das
pessoas. Não entendia a finitude.
E numa tentativa boba sempre andava em direção à
planície, pra bem perto daquelas margaridas onde a pedira em casamento durante
o pôr do sol, estendia a velha toalha de piquenique e fazia uma oração para que
o tempo voltasse, mesmo que por um final de tarde só pra vê-la sorrir de novo.
Pra ver de novo o cristalino dos olhos dela.
- Está vendo esse céu, pequeno?
- Aham! Respondeu contemplando.
- Ela adorava olhar pra ele, vivia dizendo como
nunca era igual, como era importante olhar pra ele todos os dias.
- Uau. Me conta mais dela pai!
- Ela era a mulher mais doce do mundo, a mais linda
e especial! Disse com os olhos cheios d’água.
- Você sente falta dela?
- Todo tempo. Sempre vou sentir.
- Queria ter conhecido a mamãe.
- Eu também queria que você a tivesse conhecido,
mas pelo menos a vida me deixou algo especial.
- O que pai?
- Você! E sempre que olho pra você eu a vejo! E
isso é ótimo!
Talvez não fosse tão bobo procurá-la em todos os
lugares, e nem rezar para tê-la por mais uma tarde, talvez o destino agisse de
formas estranhas demais pra se compreender tão facilmente. Mas vida arrumara
outras formas de mantê-la viva em sua memória, num pequeno milagre em forma de
vida. E toda tarde seria especial ao lado desse pequeno, todo dia o céu seria
um novo céu. E a cada pergunta, a cada segundo, ela voltaria a vida de novo
numa boa história.
Talvez a finitude não fosse tão inaceitável, tão incompreensível. Enquanto houvesse memória ela seria eterna, ela estaria viva e seria a mais doce mulher de todas
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